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sábado, setembro 23, 2006

De Veritate

A mentira é relativa,
não a verdade – palavra provocativa,
concreta,
que irrita a hipocrisia,
irrompe e racha a terra, rumo
e risco do raio, explosivo riso.

A mentira é individual,
não a verdade – válida para general
e soldado,
para homem e animal,
cujas patas e sapatos pisam
a poeira e as pedras do imparcial planeta.

A mentira é estática,
não a verdade – a verdade matemática,
por exemplo,
acelera máquinas
que inovam os ventos, inventam
novos movimentos e movem rápidos instrumentos.

A mentira dói,
não a verdade – bálsamo, doce voz,
carinho
que transforma o eu em nós,
cura o câncer, cala o rancor, carrega
conosco a cruel jóia da cruz.

A mentira é nua e crua,
não a verdade – na vestidura
da paz,
invencível na luta,
leve alimento que levanta,
alivia, lenifica, nutre e alumia.

A mentira parece verdade,
não a verdade – que nada imita e arde
o seu fósforo,
e cresce em progressivo alarde
queimando madeiras e canteiros, incendiando
feiras, aldeias e cidades inteiras.

Gabriel Perissé
(este texto veio da menina Wind, tenham atenção a estas palavras porque há muita gente que para elas não fará qualquer sentido, infelizmente).

1 Comentários:

  • Às setembro 24, 2006 6:17 PM , Blogger Ana Abreu disse...

    "A mentira é nua e crua, não a verdade..."
    Muito bem visto, mesmo quando a verdade doí, e atravessa o coração como um punhal afiado...é simplesmente a VERDADE! A mentira é mais dolora, é o disfarce da hipocrisia.

    Bom post.

    Bjs

     

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